“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e
cantar, e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”. (Gonzaguinha)
Em 29 de abril de
1991, o Brasil chorou a morte de Gonzaguinha, filho do pernambucano Luiz
Gonzaga. Dentre as canções mais conhecidas de Gonzaguinha está música “O que é
o que é”. Aqui nesta canção, este grande artista - tantas vezes perseguido pela
ditadura militar brasileira - canta uma verdade que a cada dia vivemos e
descobrimos. A verdade aqui exposta diz respeito a não ter vergonha de ser
feliz; vergonha de correr atrás da felicidade, de acertar e de errar na vida. Isto
faz parte do nosso processo de crescimento existencial. Mas, o que é a
felicidade? Como chegamos a alcançar a felicidade e assim ser feliz? A
felicidade é uma conquista constante em nossa vida; uma vez que a vida não é estática,
mas dinâmica, e sempre aparecerá algo novo que nos irá questionar e tirar-nos
da rotina. Uma atitude constante de questionar-se, de perguntar pelo sentido da
vida, e sair em buscas das respostas nos ajuda a olhar a realidade de outra
maneira; nos ajuda a pensar diferente e a agir de outra forma. Este ato de
buscar compreender a realidade, que é um ato filosófico, que nos faz sonhadores
e artífices da felicidade, assim como da realidade social. Com isso podemos
afirmar que a felicidade não é algo que acontece de um dia para outro, mas sim
que é um processo dinâmico e constante em nossa vida.
Na medida em que não
temos vergonha de assumir os riscos, os desafios e as dificuldades assumiram uma
postura de aprendizes, de sonhadores, de investigadores, de artistas e poetas da
vida. Para isso, faz-se necessário assumir que somos donos e senhores de nossa existência
e que a felicidade não é uma realidade que nos está dada, mas que precisamos ir
construindo paulatinamente. E a cada vitória sentimos a alegria de estamos trilhando
o caminho da realização de nossos sonhos, ou seja, da própria vida.
Assumimos um papel
importante em nosso processo de crescimento e aprendizagem, mas não somos
unicamente responsáveis por nossa felicidade, pois não vivemos sozinhos neste
mundo, vivemos com outras pessoas, somos
seres com outros no mundo. O que somos é fruto das relações que construímos
com as pessoas com quem convivemos, contudo, este processo não é fácil, pois
somos diferentes, mas é um processo enriquecedor, prazeroso e desafiante. As
primeiras pessoas que marcaram nossa existência foi primeiramente nossa família,
os nossos amigos, namoradas ou namorados, além dessas muitas outras pessoas
fizeram e fazem parte de nossa vida, e muitas outras ainda vão passar e nos
ajudar em nosso processo de descimento pessoal.
Nosso caminhar pelos
rios da vida é marcado por pequenas e grandes realizações; no entanto, não
devemos limitar-nos aos grandes feitos da vida; mas primordial e essencialmente
aos pequenos acontecimentos, pois a vida e a felicidade são, basicamente, formadas
por estes acontecimentos simples, singelos e únicos. E, quando não tomamos
consciência disto, caímos na rotina e, esta é a pior coisa que pode nos
acontecer; pois ela não nos deixa reconhecer a beleza, e tampouco reconhecer a
singeleza, da vida; isto é, da natureza, das pessoas, de nossa existência.
Precisamos cultivar em nós a capacidade de admirar e contemplar a beleza e a
singeleza do existir, ou seja, das pessoas e da natureza.
Quando vivemos com
sentido nossa existência vamos percebendo o quanto vale a pena viver e ser
feliz. Outro elemento importante é a capacidade e a abertura de partilhar o que
vamos vivendo, e assim nos ajudar mutuamente na missão de sermos peregrinos da
vida que encontram mil razões para viver. Quando temos esta capacidade de
reconhecer a beleza deste dom mais bonito dado por Deus a cada um de nós, somos
levados a cantar a beleza da vida, a cantar a beleza de viver e de sermos
eternos aprendizes.
A vida, por ser
dinâmica, oferece-nos muitas oportunidades e não podemos perder as
oportunidades que nos são oferecidas de crescimento. Por isso, não podemos nos limitar
a repetir o refrão “sempre foi assim..., eu nasci assim..., vou morrer
assim..., eu sou assim e não mudo para nada!”, devemos ter o cuidado com a
síndrome da Gabriela, citado no verso acima. Quando vivemos limitados a esta
perspectiva perdemos a oportunidade de ver as coisas de outra maneira; de
reconhecer as novidades; de crescermos e aprendermos, ou seja, de nos
encantarmos com a vida; e de trilhar outros caminhos.
Com tantas mudanças
pensamos: não terei identidade própria..., tudo está mudando continuamente...
Mas, por estamos abertos as novidades e as mudanças, isto não quer disser que
não tenhamos identidade, senão, que estamos abertos a acolher o novo que nos
vai constituindo enquanto pessoa; que estamos construindo nossa identidade,
nosso modo singular e único de habitar neste mundo junto com os outros seres
humanos. Para isto necessitamos cultivar outra característica própria do ser
humano, a capacidade de discernir e eleger o que é melhor para meu crescimento
humano, espiritual, cultural e social.
O que sou é, pois,
síntese das diversas experiências que vamos vivendo ao longo
da nossa existência. É isso que nos faz cantar a beleza da vida, de ser eterno
aprendiz; de alegrar e aceitar como somos sem perder de vista a abertura para interagir
e tecer redes com as demais pessoas. Viva! Seja feliz, ajude os outros a serem
felizes e criarmos, juntos, um mundo mais digno, fraterno e alegre para se
viver.
Silas Moesio Maciel
da Silva
Escrever é uma arte, uma arte de pari idéias, de gerar o novo ou renovar o que já está dado ou feito. Escrevi este texto quando estava nos treinamento de Voleibol,aos 37 anos voltei a jogar voleibol, mas agora em uma equipe de Voleibol, da Faculdade de Teologia. Nos diversos treinos que participo, tive que aprender a as técnicas próprias desse jogo, no início foi complicado e doloroso, pois requer esforço, repetição, cansaço e perseverança. Por isso que digo e concordo com a letra da música somos ternos aprendizes e neste processo, e não ver esse processo como mais algo terrível que tenho que fazer ou viver, mas sim vivê-lo com alegria e tirar todo o aprendizado possível dessa nova experiência.
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