domingo, 29 de abril de 2012

Viver e não ter a vergonha de ser feliz

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar, e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...”.    (Gonzaguinha)
 

Em 29 de abril de 1991, o Brasil chorou a morte de Gonzaguinha, filho do pernambucano Luiz Gonzaga. Dentre as canções mais conhecidas de Gonzaguinha está música “O que é o que é”. Aqui nesta canção, este grande artista - tantas vezes perseguido pela ditadura militar brasileira - canta uma verdade que a cada dia vivemos e descobrimos. A verdade aqui exposta diz respeito a não ter vergonha de ser feliz; vergonha de correr atrás da felicidade, de acertar e de errar na vida. Isto faz parte do nosso processo de crescimento existencial. Mas, o que é a felicidade? Como chegamos a alcançar a felicidade e assim ser feliz? A felicidade é uma conquista constante em nossa vida; uma vez que a vida não é estática, mas dinâmica, e sempre aparecerá algo novo que nos irá questionar e tirar-nos da rotina. Uma atitude constante de questionar-se, de perguntar pelo sentido da vida, e sair em buscas das respostas nos ajuda a olhar a realidade de outra maneira; nos ajuda a pensar diferente e a agir de outra forma. Este ato de buscar compreender a realidade, que é um ato filosófico, que nos faz sonhadores e artífices da felicidade, assim como da realidade social. Com isso podemos afirmar que a felicidade não é algo que acontece de um dia para outro, mas sim que é um processo dinâmico e constante em nossa vida.


Na medida em que não temos vergonha de assumir os riscos, os desafios e as dificuldades assumiram uma postura de aprendizes, de sonhadores, de investigadores, de artistas e poetas da vida. Para isso, faz-se necessário assumir que somos donos e senhores de nossa existência e que a felicidade não é uma realidade que nos está dada, mas que precisamos ir construindo paulatinamente. E a cada vitória sentimos a alegria de estamos trilhando o caminho da realização de nossos sonhos, ou seja, da própria vida.
Assumimos um papel importante em nosso processo de crescimento e aprendizagem, mas não somos unicamente responsáveis por nossa felicidade, pois não vivemos sozinhos neste mundo, vivemos com outras pessoas, somos seres com outros no mundo. O que somos é fruto das relações que construímos com as pessoas com quem convivemos, contudo, este processo não é fácil, pois somos diferentes, mas é um processo enriquecedor, prazeroso e desafiante. As primeiras pessoas que marcaram nossa existência foi primeiramente nossa família, os nossos amigos, namoradas ou namorados, além dessas muitas outras pessoas fizeram e fazem parte de nossa vida, e muitas outras ainda vão passar e nos ajudar em nosso processo de descimento pessoal.
Nosso caminhar pelos rios da vida é marcado por pequenas e grandes realizações; no entanto, não devemos limitar-nos aos grandes feitos da vida; mas primordial e essencialmente aos pequenos acontecimentos, pois a vida e a felicidade são, basicamente, formadas por estes acontecimentos simples, singelos e únicos. E, quando não tomamos consciência disto, caímos na rotina e, esta é a pior coisa que pode nos acontecer; pois ela não nos deixa reconhecer a beleza, e tampouco reconhecer a singeleza, da vida; isto é, da natureza, das pessoas, de nossa existência. Precisamos cultivar em nós a capacidade de admirar e contemplar a beleza e a singeleza do existir, ou seja, das pessoas e da natureza.
Quando vivemos com sentido nossa existência vamos percebendo o quanto vale a pena viver e ser feliz. Outro elemento importante é a capacidade e a abertura de partilhar o que vamos vivendo, e assim nos ajudar mutuamente na missão de sermos peregrinos da vida que encontram mil razões para viver. Quando temos esta capacidade de reconhecer a beleza deste dom mais bonito dado por Deus a cada um de nós, somos levados a cantar a beleza da vida, a cantar a beleza de viver e de sermos eternos aprendizes.
A vida, por ser dinâmica, oferece-nos muitas oportunidades e não podemos perder as oportunidades que nos são oferecidas de crescimento. Por isso, não podemos nos limitar a repetir o refrão “sempre foi assim..., eu nasci assim..., vou morrer assim..., eu sou assim e não mudo para nada!”, devemos ter o cuidado com a síndrome da Gabriela, citado no verso acima. Quando vivemos limitados a esta perspectiva perdemos a oportunidade de ver as coisas de outra maneira; de reconhecer as novidades; de crescermos e aprendermos, ou seja, de nos encantarmos com a vida; e de trilhar outros caminhos.
Com tantas mudanças pensamos: não terei identidade própria..., tudo está mudando continuamente... Mas, por estamos abertos as novidades e as mudanças, isto não quer disser que não tenhamos identidade, senão, que estamos abertos a acolher o novo que nos vai constituindo enquanto pessoa; que estamos construindo nossa identidade, nosso modo singular e único de habitar neste mundo junto com os outros seres humanos. Para isto necessitamos cultivar outra característica própria do ser humano, a capacidade de discernir e eleger o que é melhor para meu crescimento humano, espiritual, cultural e social.
O que sou é, pois, síntese das diversas experiências que vamos vivendo ao longo da nossa existência. É isso que nos faz cantar a beleza da vida, de ser eterno aprendiz; de alegrar e aceitar como somos sem perder de vista a abertura para interagir e tecer redes com as demais pessoas. Viva! Seja feliz, ajude os outros a serem felizes e criarmos, juntos, um mundo mais digno, fraterno e alegre para se viver. 
Silas Moesio Maciel da Silva

Um comentário:

  1. Escrever é uma arte, uma arte de pari idéias, de gerar o novo ou renovar o que já está dado ou feito. Escrevi este texto quando estava nos treinamento de Voleibol,aos 37 anos voltei a jogar voleibol, mas agora em uma equipe de Voleibol, da Faculdade de Teologia. Nos diversos treinos que participo, tive que aprender a as técnicas próprias desse jogo, no início foi complicado e doloroso, pois requer esforço, repetição, cansaço e perseverança. Por isso que digo e concordo com a letra da música somos ternos aprendizes e neste processo, e não ver esse processo como mais algo terrível que tenho que fazer ou viver, mas sim vivê-lo com alegria e tirar todo o aprendizado possível dessa nova experiência.

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