sexta-feira, 24 de junho de 2011

A ave e o poço

Havia uma vez uma ave com plumagem cintilante e asas robustas que passava os dias planando sobre as árvores, deliciando-se com sua liberdade.
Um dia ela caiu num poço desativado. O poço era escuro e profundo, mas estava seco e a ave não se machucou. Ela foi esvoaçando para baixo até atingir o fundo e lá permaneceu, nada fazendo para tentar escapar, mergulhada em autocomiseração.
Certamente morrerei aqui embaixo, lamentou-se. Que pobre ave desgraçada eu sou. O que fiz para merecer esse fim?
Quanto mais ela refletia sobre o seu suplício, mais se convencia de que alguém, que não ela, era culpado por ela estar no fundo do poço.
Não é culpa minha. É culpa do idiota que inventou de cavar esse poço, disse. Alguém deveria ter coberto a superfície, assim eu não teria caído aqui dentro. Porque ninguém me avisou do perigo de voar baixo demais perto de poços abertos? Nada disso é culpa minha.
E se pôs a pedir socorro aos passantes. Socorro! Socorro! Por favor me ajudem. Por favor, tirem-me daqui.
As pessoas olhavam para dentro do poço. Você tem asas, você pode voar, diziam. Por que você não se ajuda?
Se eu tentar voar aqui posso me machucar, lamuriava ela. As paredes do poço vão arranhar minhas asas. Não tenho culpa de estar presa aqui. Vocês têm de fazer algo para me tirar daqui.
As pessoas respondiam: Há muito espaço para você voar, se você tomar cuidado. Suas asas estão em forma. Você não se feriu. Você pode sair daí se realmente quiser.
A ave recusava-se a tentar. Ficou encolhida no fundo do poço, lamentando-se, gemendo alto para que todos ouvissem.
Ninguém liga para mim, esse é o problema. As pessoas são cruéis, não têm coração, ninguém quer saber de ajudar uma pobre criatura como eu.
As reclamações da ave atraíram tanta compaixão que, sem dar conta, ela começou a gostar de morar no poço. Cada vez menos pensava em escapar, até que nem mais lhe passava pela cabeça tentar. Suas asas atrofiaram de forma que, mesmo se quisesse, não podia mais voar e reconquistar a liberdade. Nem ela nem ninguém mais poderia ajudá-la.
E assim, alvo de pena de todos e de si própria, a ave viveu o resto da vida presa e infeliz no fundo do poço. O desejo de ser alvo de compaixão e de ser o centro das atenções pode aleijar-nos e impedir-nos de realizar todo o nosso potencial.
  1. O que fazemos para reconhecer nossas qualidades e nossas limitações? Nós as aceitamos ou as negamos?
  2. Como lidamos com as dificuldades que encontramos no nosso dia a dia e como as trabalhamos para superá-las.
  3. Quais são as palavras de incentivo que as pessoas me dão? Será que estou motivado para escutá-las ou fico preso e limitado aos meus problemas, aos meus sentimentos negativos, em minhas dores e problemas?
  4. Quais são os valores que devemos cultivar para que acreditemos mais na gente, nas nossas potencialidades e o que devemos fazer para pôr-las em pratica?

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