segunda-feira, 28 de abril de 2014

Extra, extra: dois Papas canonizam dois Papas!!

Inebriado com tamanha alegria, magia e mistério, testemunhamos domingo uma celebração histórica! Uma multidão de milhares de fiéis (1,5 milhão) lotaram a Praça de São Pedro, no Vaticano, onde  o Papa Francisco, na companhia do Papa Emérito Bento XVI, canonizou os Papas João Paulo II (1920-2005) e João XXIII (1881-1958).
Vaticano e a Prefeitura de Roma mobilizaram mais de 2,4 mil policiais, 100 ambulâncias e 2,5 mil voluntários, encarregados de distribuir 4 milhões de garrafas de água e 150 mil livros litúrgicos para que os fiéis pudessem acompanhar o fato único na história da Igreja. A celebração reuniu cerca de 150 cardeais e bispos e mais de 6 mil padres e o Vaticano divulgou ainda uma lista oficial com autoridades internacionais de 93 países, incluindo 24 chefes de Estado. 
O 'Papa Bom', João XXIII, esteve à frente da Igreja Católica entre 1958 e 1963. Convocou e deu início ao Concílio Vaticano II, com uma série de conferências que resultaram em documentos preciosos sobre os novos rumos da Igreja Católica no século XX. Já João Paulo II, o Papa da família, ascendeu ao Trono de Pedro em 1978 e lá permaneceu até 2005, quando morreu. Foi o segundo papado mais longo da história e sua canonização foi a mais rápida da história moderna da Igreja. Seu carisma e simpatia conquistou todo o mundo
A brilhante ideia do Papa Francisco, de celebrar a canonização de dois Papas no mesmo dia, reforça o desejo de unificar novamente as distintas alas da Igreja. A tentativa de acabar com o abismo entre duas alas opostas da Santa Sé, onde os 'tradicionalistas’ e os 'reformistas', em uma configuração épica tentam disputar o poder da cúria, reforça a fala de João Paulo II quando falavam que não havia uma ruptura da Igreja. A frase narrada em 2005 mostra que a graça derramada no trono de Pedro sempre nos aponta para o caminho onde a vontade de Deus prevalece: “Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar o patrimônio da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos desafios da nossa época”.
Mas Papa Francisco não só dá um novo sentido para a missão evangelizadora da igreja, como mostra que somos uma só. Em seu discurso, na Praça de São Pedro, recordou as qualidades místicas de ambos os Papas e trouxe à tona o modelo de santidade que devemos nos espelhar:
"João XXIII e João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado traspassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão, porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, de sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.”
Ainda sobre os novos santos, Francisco frisou que eles “foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.”
No final da Homilia, o pontífice deixa claro que devemos, a partir de Cristo, buscar sermos evangelhos vivos como os dois novos Santos da Igreja foram. Não podemos permitir que diferenças comuns entre seres humanos fossem motivos de divergências dentro da nossa casa: "Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama”.
Walmyr Júnior *
* Walmyr Júnior Integra a Pastoral da Juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro, assim como da equipe da Pastoral Universitária Anchieta da PUC-Rio. É membro do Coletivo de Juventude Negra - Enegrecer. Graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.

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