segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Texto - A fraternidade do poço


Os moradores da aldeia procuravam a felicidade sem encontrá-la. Um dia alguém lhes falou:
-      Gente, a felicidade esconde-se no fundo daquele poço, lá na praça...
Todos saíram correndo para o local indicado. Dezenas de mãos fizeram corrente, puxando a corda. E o balde subia do fundo do poço. Um brilho de expectativa indescritível nos olhos de todos. Finalmente concretizaram seu grande anseio.
Súbito, a cruel decepção. Na ponta da corda, apenas um velho balde. Furado, feio, enferrujado e vazio. Dolorosamente vazio. O grupo se entreolha triste, arrasado. Fora apenas um sonho, ilusão. Mais uma derrota ao lado de tantas outras. Quebrando o pungente silêncio, de rosto iluminado, alguém falou:
-      Eu acho que deveríamos agradecer, apesar de tudo... Meia hora atrás, éramos ilustres desconhecidos. Estranhos na mesma aldeia. A gente se conheceu agora, chegou mais perto um do outro. esse balde vazio e enferrujado nos aproximou!
No outro lado da corda, a grande descoberta. A descoberta do grupo, da comunidade. A alegria da entreajuda, do encontro, da partilha, da amizade. Descoberta maravilhosa com gosto de esperança, de novas perspectivas desenhadas no horizonte.
Pequena história que se repete constantemente. Tudo o que nos irmana e aproxima é graça, dom, benefício. Mesmo que os "baldes da vida" não nos tragam, necessariamente, a necessidade sonhada, o prêmio que perseguimos, o tesouro ambicionado. A solidariedade enraíza-se no Evangelho, enlaçando almas e corações. Sempre que nos chegamos mais perto, um milagre acontece.

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