O POÇO
Um dia saí de casa em busca de água. Água que
pudesse matar a minha sede. Andei muito. Eu queria achar um poço, mas na
caminhada só encontrei poças d’água, cisternas rachadas, baldes vazios – falsos
poços. Algo me dizia que eu iria encontrar aquele poço que eu buscava,
onde a água era abundante, cristalina, verdadeira mina que nunca
iria secar.
Andei. Andei muito: dias, meses, anos... Minhas
sandálias se romperam, meus pés se feriram, o cansaço me tomou. Mas eu não
desisti. Percorri várias cidades, campos e montanhas e a certeza crescia: “Eu
vou encontrar”.
E na sede louca que me devorava, andei, busquei
intuindo que estava perto de chegar. E foi nessas andanças que de repente
percebi que eu estava chegando em minha própria casa.
Meu coração bateu forte. Entrei correndo, desci ao porão,
cavei a terra e uma surpreendente alegria me inundou: UM POÇO
MUITO FUNDO! UMA MINA
QUE NÃO VAI SECAR!”
Destampei bem sua boca, olhei lá no fundo e gritei: “Eu
te achei!”
E ele me respondeu no eco: “Te achei...”
Eu gritei mais forte: “Eu te amo!” – e o
eco respondeu: “Te amo...”
Chorando de alegria gritei mais forte ainda: “Eu
te quero!”
E ele respondeu: “Te quero...”
E foi ali, naquele momento, que a minha voz e o
eco se confundiram.
Meu corpo molhado na água se derramava, cantava e se
identificava
com o poço.
E nasceu o encontro, a relação, o
diálogo, o amor e a descoberta.
E a gente pôde dizer, bem fundo de uma só vez, o eco
e a minha voz:
SOU EU, porque o POÇO SOU EU. O POÇO é DEUS dentro de
mim.
Preparar o coração
“Jacó fez esta pergunta: revela-me teu nome, por
favor!
Mas Ele respondeu: por que me perguntas pelo meu Nome?
E ali mesmo o abençoou” (Gen. 32,29).
* Interessar-se por conhecer o nome é
interessar-se pela pessoa; é pelo nome que nos identificamos. O
nome próprio está relacionado com nossa realidade pessoal,
única, irrepetível, singular, responsável,
criativa e livre. Na Bíblia, o nome é algo dinâmico,
é um programa de vida.
A troca de nome, na Bíblia, implica uma missão
que deve ser realizada pela pessoa:
“E não mais te chamarás Abrão, mas teu nome será
Abraão, pois eu te faço pai de uma multidão de na-
ções” (Gen. 17,5).“Tu és Simão, filho de João:
chamar-te-ás Cefas” (que quer dizer pedra) (Jo. 1,42).
* O nome é a pessoa. Cada pessoa é
original e tem uma dignidade imensa: é imagem e semelhança de
Deus. Tome consciência de que também você tem um nome,
é pessoa única e com características
muito particulares. Com essas características você
deve se colocar a serviço dos outros.
* Seu nome indica alguma coisa a realizar, uma
vocação, um apelo a responder. Seu nome secreto, De-
us o conhece!... “Eu darei... um nome novo, que
ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Apc. 2,17).
* Ter recebido um nome de Deus significa tomar
um “lugar” dentro da História e da vida, ter uma
“missão” a cumprir.
Passos para a oração
- Escolha um lugar tranquilo, onde você, sozinho
e à vontade, possa dar sua resposta à presença de
Deus. Procure uma posição corporal relaxada e
calma – harmonia em todo o seu ser.
- Texto bíblico: Mt. 25,14-30
- Leia o texto “saboreando-o”, “escutando-o”...
- Leia novamente, murmurando em voz baixa, no ritmo da
respiração, uma frase de cada vez – fazen-
do pausas ou repetindo as frases que mais tocam você.
- Não fique preocupado, tentando encontrar lições,
implicações, pensamentos, conclusões, resolu-
ções, etc. Contente-se em “ser como uma criança
no colo de seu pai”.
- Aguce seus sentidos, abra o coração.
Ao elevar-se numa prece singela, ecoará em você a
resposta do universo ao gesto salvador do Pai do
Céu. Sentirá no Espírito o sabor da Verdade. E eis o
milagre: “breve o gesto, estável o efeito”.
- Estabeleça uma conversação (colóquio) com o
Senhor, de acordo com o que você escutou.
- No fim faça uma avaliação: assinale 2 ou 3 sentimentos
mais intensos que você experimentou:
amado(a) ansioso(a) apático(a) desafiado(a)
arrependido(a) contente distraído(a)
triste inspirado(a) confuso(a) aliviado(a)
satisfeito(a) feliz calmo(a) vazio(a)
FONTE: CEI-JESUÍTAS - Centro de
Espiritualidade Inaciana